Tu&Eu

Sim...
Tive, tenho a certeza.
És tu.
Porque sou outro contigo.
Quando não estás
O mundo perde cor
E eu perco-me de mim.
Contigo, o mundo é maior
E está cheio... cheio de ti.
De um brilho que é maior que eu,
Da vitória de quem lutou e venceu.
E depois...
Depois és tu!
Para quê gastar palavras a definir-te?
Para quê pensar em poder sentir-te?
Estarmos, sermos, vivermos...
O "Nós" é uma dádiva
O "Tu" é uma palavra dita
E repetida... vezes sem conta.
É obra escrita e lembrada sem pensar,
És tu e eu... e eu e tu.
E eu... assisto aos dois deliciado.
Vejo como nos moldamos um no outro
Todos os dias, a todas as horas
Na recordação de quem nunca esqueceu...
Porque eu sou tu... e tu és eu.

Tu

Tu...
Pessoa única, completa.
Ser encantado, especial.
Luz brilhante e discreta.
Noite e aurora matinal.

Tu...
Expoente máximo dos superlativos.
Espécie singular do que é o amor.
Perfeição em formato original.
Ser alado superior.

Tu...
Que me comandas e dirigesm,
E nos guias sem destino nenhum,
Que superas o que não és,
E no fim somos um.

Tu...
Ser humano sem igual.
Criatura bela como nunca vi
E por dentro... sem rival...
O diamante que colhi.

Tu...
Olhar cúmplice e pensamento unido.
Vida preciosa sobre a terra...
Amor, paixão, viver contido.
No belo corpo que o encerra.

Tu...
Destino marcado para nós dois
Sem pressa e na maior das calmas
Se não for agora... seja depois,
A união das duas almas.

Queda

Caí!
A queda foi dura, penosa, humilhante!
A derrota foi triste, feia, frustrante!
Perdi-me de mim próprio e sofri.
Chamei por mim mas ninguém respondeu.
Procurei por quem era mas a derrota venceu.
Não estava pronto para perder
E Hoje vejo mais longe do que antes.
Quando vivia desesperado pela vitória.
Hojhe o triunfo faz parte de mim
A conquista é a minha história.
A força é o meio e não o fim.
E estou firme e seguro no meu posto
E faço o que quero... com gosto!
Na rebeldia de exceder limites
Na vertigem de não cumprir o suposto!
Perdi-me de quem era mas descobri um outro Eu
Mais forte e capaz,
Mais inteligente e audaz
Sem ilusões mas com a certeza do seu caminho
Sem dúvidas, impasses, no destino
E que caminha, como sempre, sozinho.

Derrota

Há algo de fascinante na derrota
Sentir que o mundo não acaba mesmo no caos
Saber que amanhã tudo passa mesmo lá estando...
E sofrer sufocando na própria mágoa
Alheia ao mundo que a rodeia
Apressando o abismo e a loucura
Esquecendo tudo o resto que a medeia.
E querer, sem poder, sair,
E saber que não se pode desistir
E tentar de novo e errar
E apostar tudo e perder...
E voltar à derrota...
Esse poço sem fundo
A maior tristeza do mundo.

Estar...
Onde se quer, na hora própria
Onde se devia à hora marcada
À espera desesperada
Numa fila...
descompensada.

Estar à beira da loucra
Por chegar atrasado
Estar com longa ternura
No sofá enrolado...

Estar em paz
A escrever e a reflectir
A sentir e a gravar isso no papel
Estar de bem... e a sorrir.

Poema

Fiz um poema
E contemplei-o.
Cada verso, cada quadra,
Cada palavra e cada ponto...
Já era belo antes de o ler.
Leio-o e descubro um novo ser.
A magia atrás do verso e da quadra...
De cada ponto e palavra
Ilumina-me.
E sinto-me honrado por tê-lo escrito.
Naquele instante em que tomou conta de mim
Aquela luz deu algo novo ao mundo.
Não fui eu.
Sou apenas o navio que a transporta.
Navego porque carrego algo superior.
Aquela luz divina e celeste,
Aquela flecha de inspiração.
Torna-me um ser melhor,
Sorri à minha emoção.
A escrita é um prazer!
Fluida e natural,
Louca mas especial,
Testemunha e prova de que somos mais que isto.
E, se quisermos, Jesus Cristo.

Os outros

"Não podes ir a todas, Não vais conseguir!"
Dizem-me com cara de porta fechada.
Com nariz torcido (fechadura trancada!)
E Guardas à porta para eu não entrar...
"Desilude-te, não vale a pena!"
Dizem-me com voz de quem perdeu
Naquele tom de derrota amargurada!
"Esquece!"
Dizem-me como quem nunca se lembrou
Ou faz por esquecer quem é!
"Cuidado!"
Dizem todos os que nunca arriscaram
E se limitaram a seguir o rebanho...


Vou a todas e consigo, iludo-me porque vale a pena,
Lembro-me sempre de quem sou
E por isso arrisco seguir o meu caminho sem olhar para trás!

Furo o esquema!
Esqueço o costume!
Rebento a cautela!
Não espero por ninguém!

E vou para onde quero ir!
Porque esse é o sítio certo!

Círculo

Esvolteei, revoltei, enrolei
O círculo em que vivo.
Revirei, torneei, circundei
E vim parar ao mesmo sítio.
Rodopiei e desviei-me de mim mesmo.
Virei-me, voltei-me para trás e para a frente.
E colidi comigo próprio.
Na ânsia de me livrar de mim e dos outros
Atropelei-me e feri-me (sem saber?)
E evitei decidir para nao tornar a entrar no círculo.
Parei.
E ... aguentei, sustive, esperei...

Saí, rompi, rasguei!
Não sou o mesmo ser circular que era antes!
Guia-me uma rectidão de princípio,
Uma flecha de luz e de carácter!
Vou para onde nunca fui: em frente!
Sigo verticalmente e avanço as léguas que quero!
Saí do vício que me consumia,
Da inoperância labiríntica que me devorava.
E entrei dentro de mim.
Hoje sou eu!
Rectilínio, preciso, eficaz.
Objectivo, frontal e capaz!

Ano novo

Este Ano não quero nada!
Ou melhor, quero uma única coisa:
Não querer absolutamente nada!
O meu desejo é não desejar coisa nenhuma!
É não ter desejos indesejáveis.
Esperanças vãs, intocáveis!
Vou onde me levar.
Regresso , se quiser, de onde escolhi ir.
E volto, quando quiser, a partir.
Livre de tudo e de mim próprio.
Sem preces, votos nem desejos.
Com a única, a mesma vontade,
De ditar a minha verdade
E comandar o leme que é meu!
De decidir o que quero ser
E largar tudo para ser eu.