sexta-feira, março 31, 2006

O Palhaço

As luzes acenderam-se e ele entrou.
O nariz é de tom avermelhado.
Roupas largas e exageradas
E aquele sorriso rasgado...
Consigo ouvir as gargalhadas!
Crianças pulando de felicidade
E adultos sorrindo recordando
O seu tempo naquela idade.
O espectáculo terminou.
As palmas fizeram-se ouvir.
Toda a gente aplaudiu e gostou.
O palhaço pode sair.
Lá fora é só mais um homem,
Que vive com tristeza o não ser,
Como uma gargalhada eternamente engasgada.
Confunde-se no seu viver
Com a personagem encarnada.
Desconhece-se.
E o seu maior temer
É o de não desprender
A cabeleira despenteada.
Mas ele é o palhaço
E debaixo das pinturas e do laço
Ele esquece a tristeza e o destino incerto
E quando o público se ouve ao longe mas já perto
Abandona a infelicidade e o cansaço.
Porque quando o espectáculo recomeça,
No momento em que é feita a chamada
O palhaço mascara-se e regressa
Para mais uma hora bem passada.

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